O problema da vida é que ela nunca é simples, e infelizmente ela nos divide em pedaços. Se eu tive o mesmo lar por 15 anos, hoje poso dizer que ele não existe mais. Mas esse não é o problema. O problema é que ao invés de aparecer um novo para substituir, apareceram dois. E um em cada cidade, um em cada universo da minha vida (além dos outros dois, que me esperam na Alemanha).
É engraçado como a mudança completa de ambientes nos faz enxergar como se a vida fosse mais de uma. Se o lugar muda, todas as pessoas ao seu redor mudam, seus hábitos mudam... Quem é que pode dizer que você não mudou também? E esse é o problema. Uma vez que você se divide, nem que seja uma só vez, você nunca vai se sentir completo de novo. E aí você se divide e divide e, quando percebe, você não faz mais parte de nenhum lugar de verdade. Nenhum lugar te parece confortável o suficiente pra você chamar de lar, mas ao mesmo tempo todos são tão parte de você que todos são seus lares. Mas, enquanto você está em um, o mundo continua rodando no outro. E você não está lá, e não faz mais 100% parte daquilo.
Parte de mim gosta muito de estar em São Paulo agora, com a família de sangue, os amigos de sempre, meu quarto e esta rotina megalopolitana. Outra parte gostaria muito de estar em Franca, com outros amigos, outra família, minha casa e essa rotina de universitário. Mas ainda tem aquela parte, que sente falta de Bad Iburg faz mais de 2 anos, que abandonou a hostfamília, os amigos alemães, o quarto no porão e aquela rotina de intercambista .
Me divido em partes, e sei que nunca serei inteira de novo, que esse sentimento de saudade nunca mais vai sair de mim. Mas também sei que cada pedaço que falta ajuda a formar a minha personalidade e a definir, mesmo que só pra mim mesma, quem eu sou de verdade,
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